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¿Es cara la cacatúa?

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Manifiesto por un nuevo teatro

Manifiesto por un nuevo teatro

En esta, mi primera crítica sobre teatro, he sido un pelín duro, pero es que Orgía para mi fue un poco tostón, con monólogos muy largos y sin apenas acción. Aunque si que es verdad que trata un montón de temas que, de por sí, son interesantes. Curioseando un poco sobre la figura de Pasolini (1922-75) y su producción artística, resulta que esta pieza se enmarca dentro de lo que él llama el “Teatro de la Palabra” (ahora entiendo todo) que definió en 1968 en el “Manifiesto por un nuevo teatro”. En este manifiesto Pasolini defiende una tercera vía entre el teatro burgués convencional y el teatro experimental “del grito”. 

O teatro que esperamos, mesmo o mais absolutamente novo, não poderá ser o teatro que esperamos. De facto se esperamos um novo teatro, esperamos necessariamente dentro das ideias que já temos, além disso, aquilo que esperamos, de alguma forma já existe.

A quem se destina
Os destinatários desse novo teatro não serão os burgueses (que vão ao teatro para divertir-se e que, às vezes, se escandalizam) mas sim, os grupos avançados da burguesia constituídos pelos poucos intelectuais realmente interessados em cultura: progressistas de esquerda, sobreviventes do laicismo liberal e radicais. Esses grupos avançados não se divertirão nem se escandalizarão já que são semelhantes em tudo ao seu autor. Esta classificação é e pretende ser esquemática.
Aconselha-se calorosamente a uma senhora que frequente os teatros da cidade que não assista às representações do novo teatro. Ou, caso se apresente com o seu simbólico, patético, casaco de vison encontrará na entrada um cartaz a explicar que as senhoras com casacos de vison deverão pagar um preço trinta vezes mais alto que o preço normal. Nesse mesmo cartaz, pelo contrário, estará escrito que os jovens fascistas de vinte e cinco anos poderão entrar de graça. Além disso, pediremos também que não aplaudam. Vaias e outras formas de desaprovação serão admitidas.

O teatro da palavra
O novo teatro quer definir-se como Teatro da Palavra. Incompatibiliza-se tanto com o teatro tradicional como com todo o tipo de contestação ao teatro tradicional. Remete explicitamente para o teatro da democracia ateniense, saltando completamente toda a tradição do teatro burguês, e porque não dizer a inteira tradição moderna do teatro renascentista e de Shakespeare. Espera-se que o espectador oiça mais do que veja. As personagens são ideias a serem ouvidas.

Destinatários e espectadores
É um teatro possibilitado, solicitado e desfrutado no círculo cultural dos grupos avançados de cultura.
É o único que pode chegar, não por determinação ou retórica, à classe operária. Já que esta se encontra unida por uma relação directa aos intelectuais.
O Teatro da Palavra opõe-se ao teatro da conversa (tradicional) e ao teatro do gesto e do grito (não tradicional). Desta dupla posição nasce uma das principais características do Teatro da Palavra: a ausência quase total de acção cénica, desaparecendo quase totalmente a encenação. Reduzindo todos os seus elementos (luz, cenário, figurinos, etc...) ao indispensável. Não deixará de ser uma forma de rito (ainda que jamais experimentada). O seu rito não pode ser definido de outro modo que não seja um Rito Cultural.

O actor do teatro da palavra
O actor do Teatro da Palavra não terá que apoiar as suas faculdades com uma especial atracção pessoal (teatro tradicional), ou numa espécie de força histérica messiânica (teatro não tradicional), explorando demagogicamente o desejo de espectáculo do espectador (teatro tradicional), ou enganando o espectador através da implícita imposição de fazê-lo participar num rito sagrado (teatro não tradicional). Terá que sustentar as suas faculdades na sua capacidade para compreender realmente o texto e ser assim, veículo vivo do próprio texto. Será melhor actor quanto mais o espectador, ao ouvi-lo dizer o texto, compreenda que o actor compreendeu. O actor do Teatro da Palavra terá de ser simplesmente um homem de cultura.

Epílogo
O Teatro da Palavra é um teatro completamente novo porque se dirige a um novo tipo de público.
O teatro da Palavra não tem nenhum interesse espectacular, mundano, etc... o seu único interesse é cultural, comum ao autor, aos actores e aos espectadores, que portanto, quando se reúnem, cumprem um Rito Cultural.
 

ORGIA___de Pier Paolo Pasolini

ORGIA___de Pier Paolo Pasolini

Tradução Pedro Marques
Com
José Airosa, Sylvie Rocha e Sofia Correia
Cenografia e figurinos
Rita Lopes Alves
Assistente de cenografia Daniel Fernandes
Apoio Vocal Rui Baeta
Encenação e luz de
Pedro Marques
Operador de som e luz João Cachulo
Assistência de encenação
Ricardo Carolo
Uma produção A&M / Artistas Unidos / Culturgest.

Rivoli-Teatro__Porto    

 

Crónica de un matrimonio pequeño burgués, que tiene una  relación sadomasoquista. La mujer-esclava harta de la vida, se suicida. Entonces el hombre decide que quiere “cepillarse” a una joven prostituta. En su delirio fetichista y transexual se le “cruza el cable” y también  se suicida.

Bueno, pues yo, viendo esta obra, casi también me suicido. Mucho diálogo y poca orgía. A mí, que me devuelvan el dinero.